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Quando a nuvem cai: o que a pane da Amazon revela sobre a dependência tecnológica das empresas

21 de outubro de 2025

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Na última segunda-feira, 20 de outubro de 2025, uma falha generalizada na nuvem da Amazon Web Services (AWS) afetou milhares de sites, aplicativos e sistemas em todo o mundo, incluindo serviços brasileiros de diferentes setores. Plataformas de e-commerce, fintechs, healthtechs e até bancos digitais enfrentaram lentidão, instabilidade e prejuízos operacionais.

O episódio acendeu um alerta: até que ponto as empresas estão preparadas para lidar com a dependência das grandes provedoras de tecnologia? E, mais importante, existe um caminho para reduzir essa dependência sem perder eficiência e escala?


Hoje, mais de um terço da internet global passa por algum serviço da Amazon. No Brasil, a dependência é semelhante: empresas de todos os portes adotam a AWS por sua confiabilidade, escalabilidade e custo competitivo. No entanto, esse modelo cria uma vulnerabilidade invisível, a centralização da infraestrutura digital em poucos players.

Quando uma dessas plataformas sofre uma pane, o efeito é em cadeia. Startups que dependem de serviços SaaS hospedados na mesma nuvem também param, mesmo sem usar diretamente a AWS. Essa interconexão mostra que resiliência digital vai muito além de backup ou redundância, envolve diversificação tecnológica e autonomia estratégica.


Migrar para a nuvem foi e continua sendo um passo essencial na jornada de transformação digital. Mas o modelo “tudo na mesma cesta” traz um dilema: a praticidade da terceirização da infraestrutura vem acompanhada da perda de controle sobre pontos críticos do negócio.

Empresas que constroem produtos 100% ancorados em plataformas de grandes provedores enfrentam riscos que vão desde custos variáveis imprevisíveis até interrupções que fogem completamente de sua governança. Em outras palavras, é prático enquanto funciona, mas perigoso quando falha.


Fugir completamente das big techs é improvável e, em muitos casos, desnecessário. O desafio está em adotar uma arquitetura tecnológica mais distribuída e inteligente, com foco em:

  • Multicloud e nuvens híbridas: combinar serviços de diferentes provedores (como Google Cloud, Azure e AWS) ou misturar soluções locais e na nuvem.
  • Containers e Kubernetes: tecnologias que permitem portar aplicações entre provedores com mais liberdade.
  • SaaS modulares e APIs abertas: preferir soluções com interoperabilidade, evitando lock-in de um único fornecedor.
  • Infraestrutura como código: automatizar a replicação e o versionamento de ambientes em diferentes nuvens, garantindo redundância e resiliência.

Essas práticas exigem planejamento técnico e visão estratégica, mas reduzem significativamente o impacto de falhas externas e aumentam o poder de decisão da empresa sobre sua infraestrutura.


Para startups e scale-ups, que costumam priorizar velocidade de lançamento, a tentação de usar tudo de um mesmo provedor é grande. Mas o equilíbrio entre time-to-market e autonomia tecnológica é parte essencial da maturidade de produto.

Na Corelab, por exemplo, a construção de produtos digitais escaláveis passa justamente por essa abordagem: usar blocos tecnológicos prontos para acelerar o desenvolvimento, mas sempre de forma interoperável e independente. O foco é garantir que o produto cresça com flexibilidade e não fique refém de uma única infraestrutura.


A pane da Amazon foi um lembrete poderoso de que a inovação depende tanto de velocidade quanto de controle. Apostar em arquitetura modular, automação e multicloud não é apenas uma escolha técnica, é uma decisão estratégica de sobrevivência digital.

Em um mundo cada vez mais conectado, a verdadeira vantagem competitiva não está em depender menos da tecnologia, mas em depender melhor dela.