
Você pode ter a stack mais linda da startup, o CI/CD mais automatizado que o capitão Kirk aprovaria, e ainda assim… se o seu provedor de CDN/DNS resolver tirar uma soneca, você morre por tabela.
O despertar do pesadelo
Na manhã de 18 de novembro de 2025, um problema na Cloudflare — que cuida de cerca de 20% do tráfego da web global — fez com que gigantes como ChatGPT, X (antigo Twitter) e dezenas de outros serviços ficassem inacessíveis. A causa? Um “spike” incomum de tráfego que superou o que o sistema esperava, gerando um colapso em cascata.
Resultado: milhares de usuários enfrentando erros 500, dashboards de status piscando “problema identificado”, clientes perguntando “cadê meu site?”. Um wake‑up call claro.
Por que isso assusta – e por que muitos ignoram
Centralização perigosa
Você montou seu MVP topo de linha, delegou DNS, CDN, WAF para um provedor que prometeu “alta disponibilidade”. Mas, a verdade é que o backbone da internet está cada vez mais nas mãos de poucos players. No caso da Cloudflare, estima‑se que cerca de 1 em cada 5 sites dependem dela. Portanto, o risco é sistêmico: se ela falhar, muitos falham junto.
Falsa sensação de segurança
Empresas acham que “estou no cloud” = “estou seguro”. Sim, até o dia que o provedor vira gargalo ou ponto de falha único.
Impacto econômico imediato
Se seu site, app, API ficar inacessível, o que era “crescer com IA/big data” vira “desculpa para investidores: o serviço ficou fora”.
Dependência sem contingência Ter terceirizado infraestrutura não elimina responsabilidade. Se o provedor falha, você sente.
Exemplos reais e por que isso não é “teoria de TI”
O próprio incidente da Cloudflare mostra que não foi ataque externo gigante, foi algo interno, “um arquivo de configuração que cresceu além do esperado e travou”, segundo reportagem. Ou seja, algo relativamente banal “dentro” virou apagão.
Outros casos foram as falhas da Amazon Web Services e da Microsoft Corporation (Azure) nos últimos meses, também por “problemas internos”, que provocaram dor de cabeça global.
Então, sim, não é se vai acontecer, é quando vai acontecer com você.
O que você, líder de tecnologia/empreendedor, deve fazer agora
Vamos sair da dor e partir para a ação. Aqui vão checklists sem frescura:
Mapear dependências claras
• Qual CDN/DNS/WAF/edge você usa?
• Se esse provedor sumisse, quantos usuários/segundos você perderia?
• Qual seria o custo financeiro, reputacional, regulatório disso?
Ter redundância e planos reais
• Não é só “ter no slide” que temos DRP; é simular de fato: “se Cloudflare cai, minha stack muda para o fallback X”.
• Ter outro provedor pronto, ou ter uma versão básica autogerida.
• Automatizar switch‑over: não pode depender do “alguém lembrar”.
• Validar planos sob carga mínima, sair da teoria.
Medir absoluto e relativo
• Monitorar SLA do provedor, histórico de falhas, “janela bet” (quando normalmente ocorrem manutenções).
• Levantar “quão crítico é cada componente” para o seu negócio — canais de vendas, login, API externa.
Entender o trade‑off: velocidade × controle
• Sim, usar Cloudflare ou equivalente = velocidade e escala. Mas, deixar “todo o cérebro” com outro vira preguiça de arquitetura.
• Há momentos em que tolerar latência ligeiramente maior (usando stack própria) vale o controle de risco.
A cultura de resiliência como vantagem competitiva
• Proporcione isso como parte da promessa ao cliente: “nossos sistemas têm fallback real, não dependem só de Big Cloud”.
• Internamente, incentive o time a pensar a falha como hipótese e não “vai dar certo porque contratamos fulano”.
Por que tudo isso se alinha com nossa cultura na Corelab
Na Corelab, falamos de MVPs que entregam máximo valor / mínimo esforço, de validação constante de mercado, de talento tech disputado, e também de saúde mental e cultura forte. Uma queda de infraestrutura pode virar crise de fogo‑rápido no time, nível de estresse elevado.
Quando se negligencia contingência, o time vira corpo de bombeiros, o que mina foco, produtividade e a tal “cultura saudável”.
E, sim: IA e Big Data que você usa para escalar vão pouco adiantar se seu login ou API estiver “503 Service Unavailable”.
Conclusão
Se você acha que “resolveu o risco porque migrou para a Cloudflare”, você está jogando roleta russa tecnológica. A nuvem não é invulnerável, e quando ela vira neblina, cadê o mapa?
Líder, empreendedor, fundador, pergunte ao seu time de infraestrutura hoje: “Se o nosso provedor de edge/CDN cai, quão rápido recuperamos e como comunicamos para o cliente?”
Se a resposta for “acho que sim” ou “não fizemos isso ainda”, convém mudar isso, urgente.
Autor: Redator Corelab